Sou desses apaixonados pelo horário eleitoral gratuito. Pode dizer que eu levo isso muito na brincadeira, mas a realidade é que os candidatos (especialmente a vereadores, este ano, e a deputados estaduais e federais, nos outros anos) criam textos de comédia melhores do que qualquer programa humorístico da Rede Globo de Televisão. O que, convenhamos, não é difícil.
As primeiras impressões de impacto: mudaram o jingle do Eymael. Motivo para não votar nele (não conheci até hoje nenhum eleitor dele, então, não sei nenhum motivo para votar). O “Ey, Ey, Eymael, um democrata cristão” (leia cantando) mudou para “Ey, Ey, Ey, São Paulo, mais que uma cidade, uma nação”. É um pecado. O Tribunal Regional Eleitoral deveria impedir que isso fosse feito. E o tal democrata cristão reclamou: “Eu tenho 50 segundos para falar, enquanto outros dois candidatos, sozinhos, têm metade do tempo do horário eleitoral”. Leia cantando: mimimi mael.
A propósito, coloquei o jingle do Eymael do celular da minha mãe. Ela não sabe mexer no aparelho. Quando alguém ligar para ela, corro o sério risco de nunca mais escrever esse monte de coisas inúteis que você leia.
Outro que também mudou uma parte de sua marca foi o homem do aerotrem, Levy Fidelix, que fez surgir nos trilhos sua filha, Lívia Fidelix, a herdeira do aerotrem e do anel viário. E desde as eleições para a presidência ele abandonou o puxador de samba-enredo que gritava o “vem, vem, vem, vem, que tem, Levy Fidelix é o homem do aerotrem”. O bigode, um dos maiores losers da história das eleições, também reclamou, dizendo que roubaram a sua ideia do aerotrem e trocaram o nome para trem aéreo. A gente nota que é uma mudança radical.
Aerotrem é uma palavra divertida, por isso a escrevi tantas vezes até agora. ”Prefira o original, o resto é cópia.”
Russomanno, não aguento mais os trocadilhos de que “tá russo, manno”. Sinceramente. O candidato camisa 10 (número do partido), “gostaria de ver uma igreja por quarteirão em São Paulo”. Se ele andasse mais por alguns bairros da periferia, notaria que em muitos lugares existe a sequência: um boteco, uma igreja, um salão de beleza, uma mecânica, um boteco, uma igreja, um salão de beleza, uma mecânica…
Se eleito, ele terá Sônia Abrão e Christina Rocha no secretariado, além de Gil Gomes cuidando da Secretaria de Segurança Urbana. E estando bom para ambas as partes…
O Serra, coitado, tem um logo de campanha que nos lembra de um rio. Um rio Tietê? Cheio de coisas boiando. A exemplo da Rede Globo, o tucano resolveu atrair a toda-poderosa Classe C. E como fez isso? Usando o “eu quero tchu, eu quero tcha” como música da campanha. E com os bonecos da família do Cocoricó a interpretando. Apelou demais, hein, colega.
O jeito mais fácil de ser prefeito de São Paulo é ser vice do José Serra. Dois anos de mandato principal garantidos.
Homem novo para um tempo novo, na propaganda do Haddad. Faltou a música do Criança Esperança lá. Um novo tempo…
Aliás, já falei que acho o Fernando parecido com outro Fernando, o Collor? E isso numa mistura com a cara do Roberto Jefferson. Mas acho que o Collor e o Bob Jeff não caminhavam por São Paulo no chroma key. Não costumo falar muito sobre ele, por que ele não está cheirando nem fedendo.
O Lula parece mais candidato do PT do que o verdadeiro candidato. “Eu quero que você vote no Haddad, porque eu quero poder dizer que eu sou demais (dilmais)”, talvez pense o ex-presidente desta joça.
O Gabriel Chalita, católico e contra o aborto, disse uma verdade: que o PMDB pode trabalhar muito bem com o PT (governo federal) e o PSDB (governo estadual). Afinal, o PMDB não é nem assumido, nem desassumido, apenas Agnaldo Timóteo. Ou como o partido do prefeito Gilberto Kassab.
Falando em Kassab, quem sabe temos aqui uma nota mental: estou sentido falta daquela propaganda “antes não tinha, agora tem”.
Ah, gente, ainda tem o PCO, o conhecido Pão-Com-Ovo do proletariado. A Anaí Caproni até mudou o penteado (que julgávamos eterno), mas continua com uma voz sonífera.
“O PCO não faz promessas para ganhar votos.” Por isso que eles não ganham nem eleição de representante de classe da faculdade.
E para vereadora, tem a Marisa do Metrô. Do PSTU. O pessoal do PSTU é aquele que pede para passar por baixo da catraca.
Enfim, no final da meia hora, um aviso de que a Lei da Ficha limpa é uma “esperança” de dias melhores. Ou seja, para a chamarem de “esperança”, significa que nem os caras acreditam que ela possa de fato funcionar.
As eleições estão aí. O que será que será?
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