Adotada em 1999 a partir do desejo de aproximar a polícia do cidadão, o conceito de Polícia Comunitária da PM de São Paulo tem expandido suas fronteiras.
Na última sexta-feira (30), mais 54 policiais multiplicadores de cinco países diferentes se formaram no curso promovido pela Polícia Militar e pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês), parceiro do Governo de São Paulo na iniciativa.
Agentes de Honduras, El Salvador, Guatemala e Costa Rica, além de oficiais da Polícia Militar de Alagoas, do Amazonas e também de São Paulo receberam o certificado e estão aptos a espalhar o conceito em suas regiões.
“A tendência mundial é que haja sempre um maior envolvimento entre polícia e comunidade”, afirmou Eron Costa, da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Ministério das Relações Exteriores.
Com o apoio da polícia paulista, a polícia comunitária chegou a cinco países da América Latina, além do Brasil. No total, 618 multiplicadores foram formados entre 2008 e agosto passado. Atualmente, a polícia comunitária está em 13 Estados brasileiros.
Veja no quadro abaixo a quantidade de multiplicadores por região e quando eles foram formados.
Os multiplicadores
No evento de formatura, cada país pode apresentar exemplos de como a polícia comunitária atua em cada região.
Em Honduras, por exemplo, a polícia organiza ações sociais, como mutirões para o corte de cabelo de crianças e pessoas carentes, além de ações de reflorestamento.
“Agradecemos à Polícia Militar por nos apoiar totalmente na implementação do policiamento comunitário e por nos ter dado toda a orientação necessária para isso”, disse Jeovanny Garcia Flores, representante de Honduras.
“Não é polícia de mentirinha”
Para Melina Risso, diretora do Instituto Sou da Paz, o policiamento comunitário funciona efetivamente. “Não é aquela história de ‘polícia de mentirinha.”
Segundo ela, ao analisar o trabalho, é preciso entender as mudanças em relação à segurança pública nas últimas décadas. A política de aumentar no poder repressivo nas ruas para conter os índices de criminalidade, explica Risso, deu lugar à prevenção. “Isso aconteceu e agora precisamos de outra maneira de diminuir mais os indicadores, a preventiva. A polícia comunitária tem sido uma solução.”
Quando o primeiro projeto de policiamento comunitário foi criado em SP, a taxa de homicídios dolosos era de 35,17 por 100 mil habitantes. Treze anos depois, em 2012, a média caiu para 11,53. A redução foi de 67,21% no período.
A diretriz do trabalho da Polícia Comunitário é unir polícia e comunidade para trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas.
O funcionamento do policiamento, além da especialização de policiais militares, também precisou de mudanças estruturais para que as equipes tivessem maior presença e distribuição nos bairros. Essas mudanças foram feitas com a instalação de 160 bases comunitárias fixas e 295 móveis. Há ainda 94 postos policiais e 36 bases distritais – onde os policiais moram com suas famílias.